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Vida longa ao rock!

Neste sábado, 13 de julho, os brasileiros celebram o ritmo que sacudiu a música e moldou comportamentos ao longo de décadas. Embarque nesta história para conhecer as origens do rock e ouvir seus maiores expoentes.

Rock ritmo, rock agito ou rock rebeldia. Transcendendo a música, o rock and roll influencia gerações e comportamentos, traduzido em uma atitude aguda e vozes plurais que gritam da festa ao protesto. O estilo de música que se tornou estilo de vida, para muitos, tem origem no interior dos Estados Unidos, no fim da década de 1940. Celebrado mundo afora em várias datas, no Brasil, hoje, 13 de julho, é o dia do rock!

E como abordar o tema só na escrita? Sem música? Que nada! No clima da contracultura, hoje a proposta é música a cada parágrafo, ilustrando com sons emblemáticos de várias fases e lugares, o estilo, a cultura e a sociedade em volta do rock. Se topar, assista às músicas dos links do Youtube disponíveis ao longo da matéria com algumas das faixas que transformaram o mundo.

Para começar, para entender o impacto do rock, é preciso pensar o mundo antes de ser sacudido. Com a internet, é possível se imaginar em uma plateia, um auditório, um baile de orquestra na sua cidade – repare que eram orquestras, nem eram “bandas” ainda.

Para ilustrar os 1940 nos EUA, eram artistas como – apenas para citar alguns – os Mills Brothers, posteriormente o inesquecível Nat King Cole e os eternos olhos azuis de Frank Sinatra os mais ouvidos, além do jazz, do blues e do country, já disseminados naquele país.

No Brasil, ouvia-se Dama das Camélias, de Francisco Alves, por exemplo. Eram representantes brasileiros dos cantores com aquele vozeirão, os chamados “crooners”, que embalavam as rádios ao longo dos anos 40. Vieram, ainda nessa esteira, Nelson Gonçalves e Dick Farney, já adicionando à mistura o samba que Carmen Miranda, americanizada, levava a Hollywood.

A década de 1950 vinha na mesma batida, com novos artistas, inicialmente em sintonia.

E de repente Chuck Berry e Little Richard. E Elvis.

Ouça com os ouvidos da época. Difícil entender o choque que a música destes e tantos outros contemporâneos, influenciados pela música negra, blues, folk e outros estilos devem ter causado àquela primeira geração – mas basta sentir a vibração que emana desses últimos ícones, se comparados aos primeiros citados, para entender que o mundo não seria mais o mesmo.

O estilo musical, atribuído por muitos à primeira roqueira Sister Rosetta Tharpe, que na década anterior já plantava o vento da mudança com sua guitarra, traria uma tempestade mundial. Não só na música, mas na política, na sociedade.

A música de forte raiz negra tinha o branco Elvis como expoente – o rock já nascia expondo o contraste racial (não só) estadunidense. Esse fato por si já trazia, na semente do rock, questionamentos. Mas também a união de diferentes públicos. Tão segregados, negros e brancos, ainda que a contragosto de parte daquela sociedade, agora se agitavam com a mesma trilha sonora.

Em eterna fusão, o rock se difundia em uma árvore genealógica imensa. Os anos 1960 produziram, para muitos, as maiores influências para a música mundial. Haviam bandas como os Beach Boys que seguiriam cantando eternamente o surf, os carrões e a boa vida. Mas a atitude do rock prevaleceria.

E mesmo os originalmente comportados garotos de Liverpool e os Stones, por exemplo, viriam a integrar a contracultura ativa do fim daquela década que viveu a Guerra do Vietnã, o maio de 68, tantas primaveras culturais e ainda viu o homem na Lua. A politização do rock que se tornaria, para muitos, traje obrigatório do estilo, ganhava voz com os posicionamentos pacifistas, as filosofias e, claro, uma pitada a gosto de psicodelia.

De Beatles (aqui em uma das primeiras “lives” da história em 1967), a Jimi Hendrix (que, para além de mastigar o hino estadunidense na guitarra durante o Woodstock, exaltava a valentia do amor), brotava daquela década uma mensagem universal que perdura até hoje.

Saem os ternos e gravatas, entram as cores e atitudes do rock. As liberdades de expressão e sexual, a igualdade de gênero e raça, a ecologia e a luta contra o autoritarismo que pautaram letras, discursos e cartazes a cada show de rock daquele período até hoje.

Superando a pecha de “bom e velho”, hoje o rock segue se distinguindo por sua identidade transgressora – e cada vez mais ramificada. Se nasceu estadunidense, já foi britânico, amava Beatles e Rolling Stones em italiano, e hoje tem banda até da Mongólia fazendo rock.

É punk, e é paulera. Já usou maquiagem no glam e camisa de flanela no grunge. Solta fogo e faísca no industrial, dá mosh no thrash e sempre flerta com a música eletrônica (para o desespero dos mais fanáticos).

E para quem acha que o rock já morreu, basta ver a quantidade de visualizações de cada um dos links até aqui. O rock vive em outras vozes, impregnado em outros estilos – e ainda incomodando muita gente em tantas culturas e manifestações mundo afora.

Roqueiros e roqueiras brasileiros

A efervescência dos anos 1960 produziu por aqui uma contracultura tropical. Ainda que, para muitos, menos acentuada que a primavera original, o rock brasileiro se fundou em tempos de Jovem Guarda e Tropicália. A primeira nos moldes da TV, que vinha dos EUA permeada da primeira fase da beatlemania. A segunda já em manifesto, impondo às pessoas da sala de jantar, durante a ditadura, pensar o mundo de uma forma diferente.

Inspirada pela primeira geração estadunidense do rock, para alguns o movimento da Jovem Guarda já representava uma ruptura, ainda que não tão profunda ou radical. Capitaneada pelo trio Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos, para outros, entretanto, a Jovem Guarda representava frivolidade, com um quê de alienação, dado o momento político ditatorial do País. A turma do “broto” e da “brasa, mora?” já discutia música, comportamento e moda, mas ainda não apresentava uma identidade musical para o rock nacional.

Na esteira tropicalista, nomes famosos como Os Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, associados aos não tão conhecidos do grande público, como Rogério Duprat, Torquato Neto e Jards Macalé, pregavam uma atitude mais roqueira já com um som bem mais abrasileirado. Como movimento durou pouco, mas deixou claro para os que vieram depois: era preciso enfrentar a repressão, era preciso atitude.

A ousadia e o experimentalismo de grandes nomes dessa geração elevavam a resistência artística no País. Esse enfrentamento produziria grandes obras na música, no cinema e na literatura, mas resultaria no exílio de muitos destes artistas em outros países. E a prisão de tantos outros, como Rita Lee a maior roqueira da história do Brasil, presa durante a gravidez, em 1976.

Plural por excelência, o rock brasileiro nunca se restringiu ao eixo RJ-SP. Da Bahia vinha Raul Seixas, que também bebia do rock estadunidense, mas agitava de um jeito bem brasileiro. O eterno maluco beleza é, talvez, o maior ícone do rock no Brasil. Inesquecível no imaginário do rock nacional que, até hoje, décadas depois, ainda toca Raul.

Dali os Novos Baianos, pouco depois, também traziam outra perspectiva para nosso rock. Com a incorporação de ritmos nacionais, o grupo produziu sua obra-prima “Acabou Chorare”, eleito, por exemplo, o primeiro da lista dos 100 maiores discos da música brasileira uma votação realizada pela revista Rolling Stone Brasil em 2007.

Das Minas Gerais, orbitavam o Clube da Esquina e o 14 Bis nomes como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini e Toninho Horta. Mais conhecida pelos apaixonados pela música, essa geração de mineiros influenciou, dentre tantos artistas, a banda Skank, que também fez seu nome no rock/pop de Minas anos depois.

E temos o breve Secos e Molhados do eternamente ativo Ney Matogrosso que, dizem, inspirou até o visual do Kiss. Temos rock de Pernambucorock gaúcho e punk paulistaSamba-rockrock rural e rock progressivo. Mas falar de rock nacional é falar dos anos 80, fase quase sinônima do estilo, eternizada como “Rock Brasil”. Para muitos a década foi o auge do rock tupiniquim, produzindo em cada canto do País grandes nomes do estilo.

Dos tão conhecidos Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Kid Abelha e Barão Vermelho de Cazuza e Frejat, até os que adquiriram, hoje, um ar quase alternativo, como os gaúchos Engenheiros do Hawaii e o Nenhum de Nós. No vinil, ainda tocava Ira!, RPM, Lulu Santos, Capital Inicial e Biquíni Cavadão. A lista certamente é conhecida de todos, e impossível de estar completa.

Tão produtivo quanto os anos 80, o rock nos anos 90 e 2000 seguiu com nomes que ficaram marcados na música e na cultura nacional. Chico Science e sua Nação Zumbi trouxeram o manguebeat. Os Raimundos misturaram rock e forró no Distrito Federal. Charlie Brown Jr. com skate e um quê de rap ainda deixa saudade em muitos. Também tinha O Rappa, Sepultura, Pato Fu, Pitty e tantos outros que surfaram a onda MTV (leia-se “emetevê”, de acordo com Caetano).

As sementes plantadas lá atrás ainda brotam. Sempre faltarão nomes nessa imensa lista que se completa a cada ano. E ao contrário do que muitos argumentam, os roqueiros e roqueiras seguem levando atitude onde há conformismo, arte onde há caretice.

Goiás, terra do rock

Para encerrar, é preciso falar do rock de hoje. E para falar da nova geração, falemos dos goianos.

Hoje a referência são os caras do Boogarins. Conhecidos de muitos que acompanham a música fora do mainstream, eles produzem um rock psicodélico moderno que se destaca no cenário mundial, com indicação ao Grammy Latino em 2016. Difícil é assistir a um show da banda por aqui, já que eles vivem tocando em palcos mundo afora e se apresentando em festivais como Coachella, Lollapalooza e Rock in Rio Lisboa.

Mas quem frequenta os tradicionais festivais de rock independente, como Bananada e Goiânia Noise se acostumou a ver grandes roqueiros goianos surgindo. São nomes como Black Drawing Chalks e Hellbenders, os sempre hilários Rollin’ Chamas e Pedra Letícia (estes já em terras paulistas há algum tempo), além da sensualidade do Carne Doce e dos já clássicos, como Hang the Superstars, Violins, Casa Bizantina e Mersault e a Máquina de Escrever.

Em Goiás e mundo afora, a paixão pelo rock segue viva, resistente e presente em todos os palcos. Vida longa ao rock!

13 de julho

Sempre celebrada, a data não é oficial. O dia mundial do rock, para o Brasil, é produto dos grandes festivais. A ideia veio de Phill Collins, líder do Genesis, durante o Live Aid, no dia 13 de julho de 1985. O festival que angariou fundos para o combate à fome na África ficou marcado na memória dos brasileiros, que gostaram da ideia do baterista e celebram a data até hoje.

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