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Foto Dra. Juliana: Karen Tondato
Data comemorativa busca sensibilizar a população em geral e principalmente os profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, a exemplo de professores, jornalistas e cantores

Em 16 de abril, comemora-se o Dia Mundial da Voz. A data foi instituída oficialmente no Brasil em 2008 com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da saúde vocal e informar sobre os sinais de alerta que indicam doenças. A data é celebrada com campanhas que buscam sensibilizar a população sobre cuidados com voz, principalmente para as pessoas que a utilizam como instrumento de trabalho, a exemplo de professores, locutores, jornalistas, cantores, entre outros.
A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta ressalta que a rouquidão é um sintoma que deve ser sempre valorizado. Embora a maioria das lesões que causem rouquidão sejam benignas, só é possível excluir condições mais graves após uma avaliação especializada. Todas as pessoas com rouquidão recorrente ou que duram mais de 15 dias precisam ser avaliadas pelo otorrinolaringologista.
A voz é produzida pela laringe, onde se localizam as pregas vocais, mas a produção adequada da voz depende da capacidade pulmonar, do tórax, da faringe, da cavidade nasal e oral, onde o som é modulado de forma altamente individualizada. As alterações da voz podem ocorrer em qualquer idade. A mais recorrente delas é a voz rouca, mas também podem ser observados outros sintomas como voz fraca, tremor, mudança de timbre, cansaço ao falar, dor para falar e falhas na voz.
Juliana Caixeta destaca que uma das causas mais comuns de rouquidão no consultório médico é a laringite aguda, de causa infecciosa, alérgica ou traumática, que é aquela que ocorre por esforço vocal excessivo. Mas a rouquidão também pode ser decorrente de lesões na laringe, como nódulos, pólipo, granuloma e, até mesmo, tumores.
As lesões vocais podem ser desencadeadas tanto por hábitos cotidianos – o uso abusivo e o mau uso da voz, comum entre profissionais que utilizam a voz como ferramenta de trabalho, a exemplo de professores, cantores, advogados e jornalistas –, tanto por hábitos como o tabagismo e o consumo excessivo de bebida alcoólica. “Todas as pessoas que apresentarem sintomas como rouquidão ou falhas na voz por mais de 15 dias devem procurar um otorrinolaringologista com urgência”, recomenda Juliana Caixeta.
Prevenção e Tratamentos
O cuidado com a saúde vocal está relacionado com a manutenção de um estilo de vida saudável. Pequenos hábitos como praticar exercícios físicos regularmente, manter uma boa qualidade de sono, seguir uma alimentação balanceada, além da hidratação oral, são formas de prevenir problemas na voz.
O equilíbrio na utilização do recurso da fala também está relacionado com a saúde da voz. Os comportamentos do som que a pessoa emite como gritar ou falar alto por muito tempo, assim como cochichar e sussurrar, podem interferir na saúde da voz, pois tais hábitos aumentam a tensão na laringe.
As terapias para alterações na saúde vocal variam de acordo com a causa. Juliana Caixeta explica que as opções de tratamento podem ser clínicas (medicamentos e fonoterapia) ou cirúrgica. Em lesões benignas, a fonoterapia é uma das principais modalidades de tratamento, não só para tratar a lesão como para evitar a sua recorrência.
Câncer de laringe
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de câncer de laringe. O consumo excessivo de álcool e o tabagismo são os principais fatores de risco; quando associados, triplicam as chances de a pessoa desenvolver a doença, que acomete principalmente homens após os 50 anos de idade. O principal sintoma é uma rouquidão progressiva que dura mais de 15 dias.
Em termos de mortalidade, o câncer de laringe ocupa no País o 9º lugar entre os homens e o 20° lugar entre as mulheres. É o terceiro tumor mais prevalente na região da cabeça e pescoço, excluindo os tumores de pele não melanoma.
O câncer de laringe é um exemplo de como a informação pode levar ao diagnóstico precoce, já que os sinais e sintomas podem ser facilmente identificados mesmo na fase inicial da doença e incluem: irritação da garganta que não passa, rouquidão e mudança de voz persistente, dor ou dificuldade para engolir, tosse constante e aparecimento de nódulo ou massa no pescoço.
Apesar dos sintomas serem facilmente identificáveis, de acordo com Juliana Caixeta, muitas pessoas acabam procurando ajuda profissional quando o estágio da doença já está avançado. Quando o tumor é descoberto precocemente, a chance de cura para esse tipo de câncer chega a 95%. Já, quando a doença está em um estágio mais avançado, o tratamento é complexo e as chances de cura diminuem significativamente.