Conflito de geração dentro das empresas
Class News
Como lidar em casos de divergências no ambiente de trabalho
Ivan Lima, sócio da KBL Contabilidade
Estamos vivenciando algo nunca visto na história do mercado de trabalho: várias gerações trabalhando juntas, compartilhando tarefas, responsabilidades e também opiniões. Diante dessa realidade, faz parte de um bom líder lidar e explorar o chamado conflito de gerações no ambiente de trabalho, já que esta nova realidade tende a permanecer daqui para frente devido a uma série de fatores.
O conflito de gerações no trabalho ocorre quando as diferenças de idade se manifestam na forma de pensar ou nas ações das pessoas, criando um impasse entre os envolvidos. O desenvolvimento de disputas pode ser considerado um ciclo. O conflito cresce cada vez mais se não for administrado. É por isso que é importante levantar a questão e implementar medidas eficazes para criar um ambiente de trabalho inclusivo.
Segundo Nayara Pereira, sócia KBL responsável pelo departamento de Gente e Gestão, é perceptível as diferenças dentro da empresa entre as formas de trabalhar dos funcionários da geração X e Y, com os da geração Z. “Os colaboradores com 30+, entendem que uma carreira precisa ser construída e trilhada, e que eles não irão crescer profissionalmente da ‘noite para o dia’. Eles entendem que necessitam de uma fase de aprendizado, entregas e o crescimento vem como consequência. Já a geração Z, questiona os padrões e busca esse crescimento mais rápido”, explica.
As principais diferenças no modo de trabalhar entre as idades são bastante notáveis. A nova geração tende a ser mais resistente a certas mudanças, pois valoriza flexibilidade e facilidade no ambiente de trabalho. Em contraste, a geração mais antiga foca mais na carreira e, apesar de enfrentar mais dificuldades com a tecnologia, geralmente se esforça mais para se adaptar.
“Observamos uma diferença clara de mentalidade. Os profissionais mais jovens, por exemplo, buscam um crescimento rápido e são mais imediatistas. Já aqueles com mais de 40 anos priorizam a estabilidade na carreira. No entanto, sempre há exceções a essas tendências gerais”, destaca Nayara.
Além disso, a geração Z está particularmente focada na qualidade de vida. Eles querem um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, ao contrário das gerações X e Y, que muitas vezes priorizam o trabalho árduo e veem o trabalho como uma parte central de suas vidas. Essas diferenças mostram como cada geração tem suas próprias prioridades e abordagens ao trabalho.
“Um outro ponto de divergência da geração Z em comparação com as outras gerações é o canal de comunicação, que é uma geração que precisa de feedbacks frequentes. Mas em contrapartida eles têm dificuldades de ouvir e identificar os pontos apontados como passíveis de melhorias. Muitas vezes esse jovem até questiona o Feedback recebido”, continua.
Nayara explica quais são os métodos utilizados dentro da empresa para lidar com os conflitos geracionais. “Com visões de mundo e interesses diferentes, é natural que surjam conflitos geracionais. Para administrar esses conflitos realizamos treinamentos, rodas de conversas, mentorias, quando possível uma flexibilização da gestão e trabalho em equipe”.
Durante os processos seletivos:
“Ao realizar as entrevistas com os candidatos mais jovens percebemos um fenômeno interessante, muitas vezes eles exercem o papel de ‘entrevistador’ e fazem muitas perguntas, sobre a empresa, rotina de trabalho, padrões estabelecidos e etc, o que não é muito comum com os candidatos mais velhos. Para essa nova geração o trabalho não pode ser algo que atrapalhe seu estilo de vida, por este motivo, eles buscam espaços onde terão mais flexibilidade e autonomia”, finaliza.